Equação de novas centralidades
As sociedades dos últimos anos ganharam novas habilidades, estando quase que em constante inauguração de novas vocações. A aceleração das dinâmicas criou ou recriou as relações entre o homem e o espaço urbano. As velhas noções de estrutura territorial urbana quase que se solaparam, significando que essas não necessariamente se sucumbiram.
O que vemos no presente não é propriamente uma espécie de sobreposição de novas centralidades sobre as antigas, ou sub-centros sobre os antigos, mas uma espécie de contínuo entre ambos, no quadro de novas relações e novas funções dos centros urbanos. Até finais do século passado, o que se debatia em relação as cidades e aos centros urbanos dizia essencialmente respeito aos fluxos migratórios internos, fixação de novos dormitórios e a questão da mobilidade.
Hoje, as cidades são apenas pontos de uma rede global por onde os movimentos sociais se cruzam e entrecruzam de acordo com uma grande dinâmica e complexidade. Os novos centros urbanos são apenas pontos no globo, podendo estes pontos acrescentar valor ou destacarem-se como focos de problemas a escala global.
Estamos pois a pensar na lógica dos espaços urbanos sustentáveis. Uma cidade sustentável, no atual contexto de incertezas quanto ao aquecimento global não é uma cidade das desigualdades sociais e potenciadora de insegurança urbana.
Uma urbe sustentável deve responder a três questões fundamentais: urbanisticamente qualificada, ambientalmente aprazível e socialmente inclusiva. O rosto de uma cidade não passa apenas pela sua dinâmica e capacidade de gerar riqueza, mas também pela capacidade de gerar novos valores e sobretudo capaz de estimular os sentimentos de pertença por parte dos seus habitantes.
Posto isto, propomos olhar agora pela forma como esta questão está a ser encarada em Angola. Por exemplo em Malanje, foram recentemente lançadas as obras de construção de uma nova cidade, a chamada centralidade da carreira de tiro2, prevendo a edificação de 544 edifícios e 96 lojas.
Apraz-nos destacar a previsão no projeto de se construir equipamentos sociais, escolas, creches, esquadras de polícia, postos de saúde, quartel de bombeiros e um edifício administrativo. Para dentro de um ano estão previstos estarem construídas ciclovias, espaços verdes urbanos, parques infantis e zonas desportivas.
Claramente há aqui uma intenção de se encontrar uma nova relação entre o morador e o seu espaço urbano, estando garantido também que este será um espaço ecológico e socialmente saudáveis.
É este o novo princípio que nos parece ser fundamental destacar. Hoje não se pode separar com linhas fronteiriças o urbano e suburbano, porque elas simplesmente já não existem.
Desfizeram na nova teia de relações sociais, na dinâmica das redes e mobilidade da informação. As cidades hoje são basicamente globais e o seu contributo para a sustentabilidade atmosférica e estabilidade social deve ser contextualizado a escala do globo.
Novas urbes, sustentáveis precisam-se em Angola, mas como o que vamos ter em Malanje, para que possamos num futuro próximo estar em condições de realizar profundamente e de forma revolucionária o ideia de uma sociedade com menos desigualdade, com mais estabilidade e progresso social, mais cooperação entre os seus concidadãos e mais sustentado a todos os níveis.
O Governador da província de Malanje merece este aplauso, assim como todos aqueles governadores que mostram esta preocupação. A sustentabilidade do nosso desenvolvimento está no campo e nas nossas cidades, e cada um no seu espaço deve procurar fazer a diferença.
Se assim for, Angola está em condições de se projetar com toda a força.
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